Blastomicose do sistema nervoso
Open Access
- 1 September 1951
- journal article
- Published by FapUNIFESP (SciELO) in Arquivos de Neuro-Psiquiatria
- Vol. 9 (3) , 203-222
- https://doi.org/10.1590/s0004-282x1951000300003
Abstract
Os autores chamam a atenção sôbre os erros de diagnóstico nos casos de neuroblastomicose, seja nas formas meningoencefálicas, seja nas tumorais. São focalizadas a paracoccidioidose e a criptococose. Depois de caracterizarem clìnicamente a paracoccidioidose, acentuam a raridade das formas nervosas (1,2% dos casos dessa micose autopsiados no Departamento de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo). Pela revisão da literatura foi verificado haver apenas 12 casos registrados. 0 caso de Casiello e Klass é o único em que o diagnóstico foi feito em vida; os demais, ou constituem achado de necropsia, ou foram inesperadamente revelados pelo exame histopatológico realizado após intervenções cirúrgicas. Os autores registram 2 casos de paracoccidioidose do sistema nervoso. No primeiro, tratava-se de meningomielorra-diculite crônica, sendo o parasito identificado no escarro; o segundo era portador de síndrome de compressão medular, cuja patogenia é discutida pelos autores, tendo sido a etiologia paracoccidióidica comprovada pelo exame da polpa e biópsia ganglionares. Considerações clínicas sôbre a criptococose precedem o relato de um caso de meningoencefalomielite subaguda, no qual fôra feito em vida o diagnóstico de paracoccidioidose, pelo exame micológico do liqüido cefalorraqueano; êste paciente, embora medicado com doses maciças de sulfa e tiossemicarbarsona, veio a falecer, tendo o exame anátomo-patológico revelado tratar-se, na realidade, de lesões nervosas produzidas pelo Crypíococcus neo-formans. Nos três casos era incisivo o caráter neurocirúrgico da sintomatologia. Entretanto, ante o diagnóstico de paracoccidioidose, foi instituído tratamento pelas sulfas, vacina específica e tiossemicarbarsona. Os resultados foram excelentes no caso 2, em que a terapêutica pôde ser instituída mais precocemente; melhoras também foram obtidas no caso 1. No caso 3, foram verificadas melhoras transitórias com o tratamento, porém, após dois anos de moléstia, o paciente veio a falecer. Os autores concluem que a blastomicose do sistema nervoso deverá participar das cogitações neurocirúrgicas. Entretanto, na paracoccidioidose, a sulfamidoterapia em doses elevadas, associada às vacinas antiblastomicóticas, deve constituir a primeira tentativa terapêutica. Para o tratamento da torulose são indicadas a estreptotricina e a actidiona, embora a experiência com o seu uso clínico ainda seja muito pequena para que se chegue a conclusões definitivas. A cirurgia ficará reservada àqueles casos em que as condições topográficas ou evolutivas da lesão exijam solução urgente.Keywords
This publication has 14 references indexed in Scilit:
- Torula MeningoencephalitisJournal of Neuropathology and Experimental Neurology, 1951
- Tumor cerebral granulomatoso por paracoccidióide: A propósito de dois casos operadosArquivos de Neuro-Psiquiatria, 1948
- Micoses do sistema nervosoArquivos de Neuro-Psiquiatria, 1947
- TREATMENT OF CRYPTOCOCCIC MENINGITIS WITH PENICILLINAmerican Journal of Diseases of Children, 1946
- TORULA HISTOLYTICA (CRYPTOCOCCUS HOMINIS) MENINGITIS: CASE REPORT AND THERAPEUTIC EXPERIMENTSAnnals of Internal Medicine, 1945
- TORULA MENINGITISArchives of internal medicine (1960), 1942
- FUNGOUS INFECTIONS OF THE BRAINArchives of Surgery, 1941
- Cryptococci--Their Identification by Morphology and by SerologyThe Journal of Infectious Diseases, 1935
- MENINGO-ENCEPHALITIS DUE TO TORULA HISTOLYTICAArchives of internal medicine (1960), 1929
- TORULA MENINGITISArchives of Neurology & Psychiatry, 1925